Gino Oyamada é Conselheiro e sóciofundador da 3G Governança, Gestão e Gente, com larga experiência no tema.
MEX BRASIL – Governança Corporativa cabe em qualquer empresa?
Gino Oyamada – Certamente! Há um equívoco com a palavra governança. Muitas vezes nos assusta, nos remete a uma ordem de grandeza que não faz o menor sentido. A governança está presente no âmbito da família, da sociedade, das organizações, em tudo ela se faz necessária. Uma boa governança é fundamental diante das mudanças, por exemplo. Se a gente não souber executar, monitorar, criar caminhos alternativos, o risco de tudo descarrilhar é real.
MEX BRASIL – Você comentou que não existe governança em três meses. Como se atinge a maturidade… mas por ondedá para começar?
Gino Oyamada – Governança é uma jornada. Não há literatura que você possa usar, que em três meses dê conta do recado. Empresas são constituídas por pessoas, que têm uma leitura diferente da situação, são do tipo que aceitam ou não aceitam críticas, têm apegos, têm sonhos, e isso é muito positivo. Se não conseguir colocar todos no mesmo barco, nada vai pra frente. Isso tudo requer tempo e ordem, estado de espírito e consciência. A velocidade que eu ganho consciência e você ganha é diferente; principalmente entre gerações. A nova geração que chega ao mercado demanda mais governança. Conclusão: não é alguém, chegando de fora que vai fazer isso. O papel aceita tudo, a mente humana não. É preciso tempo.
MEX BRASIL – Ao falar em novas gerações, também falamos em talentos. O quanto uma boa governança impacta nisso tudo?
Gino Oyamada – As novas gerações quer sejam Millennials, geração Y, enfim, todos querem estar em empresas que tenham propósito, gerem aprendizado e conhecimento, tenham potencialidade de crescimento, pratiquem a meritocracia, foquem no ESG, tenham comportamento digital, compliance, responsabilidade. Variáveis , inclusive, que estão na frente do ingrediente de remuneração que aparece em 3º ou 4º lugar. Se não tiver tudo isso dentro de uma governança, a empresa não atrai e não retém aquilo que já é escasso. Há escassez de
talentos no mercado. Se não entrega esse pacote, o talento não virá pra você. Então estamos falando de empresas que terão baixa criticidade. A governança além de ordenar a gestão, torna-se uma questão de sobrevivência.
MEX BRASIL – Como você vê as mulheres nesse cenário todo?
Gino Oyamada – As organizações já se deram conta de que a mulher tem atributos que o homem não tem. Os homens geralmente são muito cartesianos, mulher olha as coisas de uma ótica diferente, envolve mais pessoas, tem a criticidade mais ampla. Mulher enxerga em 3D, homem enxerga em 2D. Não estamos falando que um é melhor que o outro, só que os novos tempos exigem novas habilidades. Os números ainda podem não ser favoráveis às mulheres na gestão, mas é só uma questão de tempo. As mulheres estão se preparando e ganhar mais espaço será inevitável. Mas é preciso tomar consciência do ‘eu posso fazer a diferença’ e avançar.
“As empresa vivem em um ambiente competitivo e regulado, se não gerir os riscos em uma ordem, se não tiver um propósito definido e compartilhar isso com a sociedade, é mais
difícil dar certo”- Gino Oyamada
