Ela tem o propósito de contribuir na construção do pensamento econômico como um sistema vivo de geração e gestão de valor positivo, assim é Bruna Rezende. Economista e empreendedora serial, há 15 anos atuadesenvolvendo negócios com propósito e inovação.
No encontro do MEX, em agosto, foi convidada a falar sobre esse universo do ESG e suas implicações para os negócios e as atividades humanas de um futuro possível de ser construído.
MEX BRASIL – Qual é a tendência do ESG no Brasil? Seus princípios cabem bem em qualquer empresa?
Bruna Rezende – Essa é uma tendência irreversível no mundo todo. Temos empresas que estão atuando no ESG por pressão, mas também existem aquelas que estão oportunizando o momento e aproveitando esse movimento para sair na frente. Como, por exemplo, várias startups que nasceram já com isso no centro da estratégia. Então a jornada ESG varia de acordo com a empresa, independente do tamanho. E ela nasce por pressão ou por oportunidade.
MEX BRASIL – Grandes empresas têm políticas ESG, mas como uma pequena ou média empresa pode aproveitar essa tendência, pelo viés da oportunidade?
Bruna Rezende – A jornada ESG pode começar de acordo com o setor que essa pequena ou média empresa atua. Qual é a região de atuação, qual é a natureza do seu negócio, o que o setor valoriza nesse segmento. Seja qual natureza for, com certeza, ela terá oportunidades na área ambiental, na área social e, claro, poderá também estruturar a governança dentro de um processo de longo prazo. O grande desafio não é o tamanho da empresa, mas o apetite à implementação das práticas ESG. E é preciso ter em mente que isso é uma jornada, não se resolve tudo uma única vez. Importante é pensar ‘qual é o menor, maior passo, que posso dar para seguir nessa jornada’ e ir caminhando, pouco a pouco. Mas ir, não parar.
MEX BRASIL – Há vantagens financeiras ao se adotar práticas ESG?
Bruna Rezende – Sim, os números já mostram isso, e a partir do momento em que o mercado financeiro declarou interesse genuíno no tema, o processo ganhou força. Hoje a gente já enxerga que empresas com práticas ESG transparentes, têm melhor performance. Na Bolsa de Nova York, já existe até um número: elas performam 8% a mais, do que as empresas que não têm práticas declaradas. E com certeza, trabalhar a imagem é importante também, desde que seja transparente e verdadeira, senão cai no ‘green wash’, que é falar que faz, mas não é exatamente aquela história. Isso é um perigo e um risco que também é calculado hoje, quando o tema é ESG.
MEX BRASIL – Como uma executiva MEX pode aprender mais sobre o ESG?
Bruna Rezende – Na medida em que você vai aprendendo sobre o tema, isso vai ficando mais fácil. Assim, participar de fóruns como os promovidos pelo MEX é um bom caminho. A gente pode aprender também com as melhores práticas. Hoje há benchmarking de muitas empresas, e também são acessíveis os próprios ‘calls’ abertos à sociedade civil, promovidos por empresas que se tornam uma boa base de referência. Existem também os índices, que trazem muito conhecimento. O índice de sustentabilidade do IBOVESPA tem muitas práticas locais. Existe o GRI, que é o Relatório de Impacto Global. Então tudo isso, essa troca, vai ajudando a gente a compreender que é possível e sim, que isso não se dá da noite para o dia, mas que é uma jornada e a cada ciclo a gente amadurece o processo internamente.
MEX BRASIL – O que é um negócio generativo, tema bastante ouvido quando o tema é ESG? Bruna Rezende – Todo o esforço de utilização de recursos naturais que tivemos nos últimos 50 anos, para produzir tudo o que consumimos, fez com que a gente construísse uma cultura degenerativa. O negócio generativo é aquele que enxerga o impacto positivo para o ecossistema, ou seja, ‘eu ganho porque o outro ganha’. Essa visão de negócio, essa mentalidade de ganha-ganha-ganha é o que a gente entende que é o modelo do novo progresso econômico hoje.
MEX BRASIL – Como a sociedade está se preparando para essa nova visão?
Bruna Rezende – A gente tem que ter uma visão de futuro. Toda atuação que temos hoje, ela nos leva para algum lugar e é aqui que a gente precisa atuar. A construção do futuro, o desenho desse futuro se dá no que a gente está fazendo hoje e dado o cenário que a gente vive. Quando a gente fala de futuro viável, ele precisa dessa consolidação de práticas no presente. A construção de pequenos grandes passos, se reflete em ganhos agora. E é na soma dos pequenos grandes passos que vamos construindo as revoluções. Pensar gestão e geração de valor, deve que estar conectado a descentralização, ou seja, é isso: eu ganho porque ganhamos, porque os processos de criação de novos negócios, produtos e serviços, se darão via parcerias. Os stakeholders dos ecossistemas desse futuro generativo são cada vez mais parceiros de negócios, é uma visão mais descentralizada e muito mais diversa.
“A gente atua a partir do que a gente enxerga. Então, a forma como a gente compreende o mundo, vai determinar qual será nossa atuação nele. É por isso que é preciso, a todo momento, ampliar nossa forma de compreender o mundo, para mudar e evoluir sobre nossa atuação sobre ele”.
Bruna Rezende – Consultora HSM e fundadora da IRIS
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Confira a entrevista em pdf: Acesse aqui.
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Conteudo por: Angela Wanke
Fotos por: Rick Nogueira.