No encontro com as autoras do livro “O Poder do ‘E’: Carreira e Maternidade”, o tema foi ampliado com um painel sobre reflexões e aprendizados com MEX 40+, 50+, 60+, trazendo as perspectivas de executivas experientes como Birgit Marsilli, Indiara Barbosa, Marielva Andrade e Samantha Franco. As executivas compartilharam suas trajetórias, desafios e lições aprendidas ao longo das suas jornadas, revelando o quanto o equilíbrio entre maternidade e carreira foi importante em diferentes estágios da vida. Confira aqui um pouco da opinião de cada uma delas!
MEX BRASIL: Quais são os desafios de ser uma mulher e mãe na vida pública?
Indiara Barbosa: Ser uma mulher e mãe na vida pública apresenta os mesmos desafios de qualquer mulher que trabalha e tem família. É necessário equilibrar todas as funções, incluindo ser mãe e dona de casa. Os registros dizem que a primeira vereadora de Curitiba, que foi Maria Olímpia, em 1947, aparentemente teve filho durante o mandato. Os registros não são tão precisos. E desde então, quase 80 anos depois, não tinha tido nenhuma vereadora grávida. Por quê? Porque as mulheres entram mais velhas e são muito poucas. Fui a primeira vereadora grávida em Curitiba desde a redemocratização, quase 80 anos após a primeira vereadora da cidade. Acredito que minha experiência é importante para mostrar que é possível conciliar maternidade e carreira política, servindo de exemplo para outras mulheres e meninas. Para garantir meus direitos, foi necessário dialogar e negociar com a direção da Câmara e o presidente, porque era quase que um caso inédito.
MEX BRASIL: Como você avaliou os impactos de ter um segundo filho durante o mandato e quais estratégias adotou para conciliar maternidade e carreira política?
Indiara Barbosa: Antes de avaliar o impacto na carreira política, considerei minha decisão pessoal. Na época, com 40 anos, e a vontade de ter um segundo filho, pesou muito. Durante a gestação e apesar da minha própria resistência inicial, precisei tirar licença médica devido à gravidez de risco, seguindo a recomendação do médico e após conversar com minha equipe, marido e família. Com a possibilidade de ser substituída pelo suplente, pude me afastar e, no fim, tudo deu certo.
MEX BRASIL: Quais foram as discussões e negociações na Câmara Municipal para assegurar os direitos de licença maternidade das vereadoras e como você liderou esse processo?
Indiara Barbosa: O Regimento Interno da Câmara e a Lei Orgânica do Município mencionavam a licença maternidade, mas não eram claros sobre a possibilidade de um suplente assumir o cargo, nem mesmo a duração da licença. Inicialmente, a licença era de 4 meses, mas a Procuradoria da Câmara entendeu que deveria ser de 6 meses, assim como para os servidores da Câmara e da Prefeitura. Essas alterações foram propostas e aplicadas durante minha gravidez, resultando em discussões ao longo desse período e abrindo caminhos para as próximas vereadoras.
MEX BRASIL: Que conselhos você daria a outras mulheres que desejam ingressar na política e conciliar a maternidade com uma carreira exigente e de alta visibilidade?
Indiara Barbosa: Meu conselho é que as mulheres ocupem os espaços. É possível conciliar maternidade, vida pessoal e profissional, inclusive em cargos de liderança, seja nas empresas ou na política. Eu mesma enfrentei essa questão tanto na minha carreira em uma multinacional quanto na política, com meus dois filhos. Quero ser um exemplo para que mais mulheres vejam que isso é possível na prática e participem da política, uma área em que ainda temos poucas representantes (cerca de 16-17%). Precisamos aumentar esse número para que as mulheres estejam presentes nas discussões que irão impactar a cidade, impactar a vida delas, a vida dos filhos delas. Por isso, incentivo a participação feminina e mostro, pelo exemplo, que dá certo.