Daniel Leiner, CEO da Embrart, é um visionário inquieto. À frente de uma das mais inovadoras empresas brasileiras que transformam o papel em soluções inteligentes para o transporte e armazenamento de inúmeros tipos de produto, ele é obstinado na busca de inovações e de crescimento. A empresa que começou do zero, vai contar com uma nova unidade em breve. Aqui um bate-papo sobre a trajetória e os planos futuros. Confira!
Daniel Leiner – É normal do ser humano ver o jardim do vizinho bonito, florido, e, de certa maneira, aspirar ter um jardim daquela. E acredito que a maioria das pessoas não imagina absolutamente nada daquilo que nós passamos para chegar onde estamos. Para um jardim florido, muitas vezes é necessário estar disposto a acordar às 4 ou 5 horas da manhã e estar lá no jardim ajoelhado para retirar as pragas que estão nascendo, a fim de que as flores floresçam. As pessoas não têm ideia da jornada – como ela é penosa e trabalhosa para se construir uma empresa robusta e de sucesso.
Daniel Leiner – Sim, ele é uma figura central em toda essa história e realmente não foi fácil sucedê-lo. Na verdade, como eu trabalhava com meu pai há muitos anos – nós tínhamos uma relação de muita intimidade juntos –, eu tive um professor, um mestre no meu dia a dia. Então, foi uma naturalidade essa sucessão. No passado, eu olhava para o meu pai e via aquela figura gigante, aquele monstro que sabia tudo, que resolvia tudo, que nos trazia sempre uma extrema confiança no pior cenário possível. A figura dele estava lá para nos mostrar o caminho e a solução, e eu achava, lá atrás, que eu nunca ia alcançar a capacidade que ele tinha. E, na verdade, a capacidade que eu tenho hoje até me surpreende, porque ela é espelho da dele. Então, eu fui crescendo e me aperfeiçoando, criei uma grande resiliência, e absorvendo parte da sabedoria dele. Então, meu pai foi meu grande mestre, e a sucessão foi uma continuação da história.
Daniel Leiner – O que essa batalha pessoal me ensinou foi definir de fato e diferenciar o que são problemas de verdade e o que são situações corriqueiras do dia a dia, desafiadoras de qualquer empresa, não só a nossa. Então, a gente consegue selecionar bem e dar a devida proporção às coisas do cotidiano, para que não percamos tempo com questões pequenas. É preciso olhar sempre de uma forma muito objetiva para o negócio e não ficar, às vezes, rodando feito uma enceradeira em volta de coisas pequenas. Coisas pequenas são coisas pequenas. Porque, quando você está lutando pela vida, aí você começa a entender o que é real, o que realmente importa no cotidiano.
Daniel Leiner – Olha, na verdade, talvez o nosso maior esforço consciente, foi o de destravar o entendimento de que ‘você merece e que você pode’, que a sua empresa pode ser uma empresa grande, que você pode sonhar grande, que você pode pensar grande. Destravar isso é que libera todo o mapa da jornada de audácia, coragem, matemática, humildade e resiliência. Porque, se você não acredita que pode transformar a sua empresa numa empresa de relevância nacional, não adianta nada todas as outras cinco características, porque, se você não acredita, você não faz.
Daniel Leiner – A visão de longo prazo é necessária para o crescimento e para a perenidade da companhia. Qualquer empresa que almeje algo maior e melhor para si mesma e para os seus – para aqueles que a acompanham, seus funcionários, seus colaboradores, seus próprios fornecedores que fazem parte da jornada –, qualquer empresa que almeje isso precisa planejar, e precisa planejar no longo prazo. Porque, senão, você vive o dia a dia. E o dia a dia de uma empresa familiar pequena é apagar incêndio, resolver questões pequenas, dar um passinho pequeno, não é? Ter uma visão de longo prazo não é uma opção, é uma necessidade. O plano foi seguido porque agente acreditava que esse era o futuro e que é assim que a gente poderia continuar crescendo e almejando posições mais relevantes no mercado.
Daniel Leiner -Tenho dormido pouco porque a cabeça não para de funcionar. Com um planejamento ousado como o nosso para 2030 – muito maior que a jornada de2019 a 2025 –, é difícil desligar a mente. Estamos fechando investimento numa nova fábrica em outro estado, muito maior e mais moderna, com automação e robotização para maior eficiência. A complexidade é grande: planejamento de construção, compra e instalação de máquinas, logística e finanças. Mas é um sonho e necessidade, pois a empresa gera caixa, precisa continuar investindo e gerando riqueza para si, seu entorno e contribuindo socialmente elevando o nível devida dos funcionários.
“Não se trata de bater duro. Se trata de quanto você aguenta apanhar e seguir em frente. O quanto você é capaz de aguentar e continuar tentando. É assim que se consegue vencer.”
Discurso do filme Rocky Balboa para o seu filho.
Daniel Leiner – Essa frase do filme é a definição mais bela que existe de resiliência. Resiliência é você ter um objetivo e saber que o caminho para atingir aquele objetivo não é feito de flores. No caminho você será ferido por espinhos, pisará em pedras, atravessará rios, lutará com leões. Você tem que saber a hora de se abaixar, de se esconder, de se impor, de se revelar mais forte. Muitas vezes só descobriremos quão fortes e resilientes somos no momento em que a adversidade forte chega violentamente. Isso aconteceu comigo quando fiquei doente, isso aconteceu com a empresa nos piores momentos do passado onde o faturamento do dia era necessário ser antecipado para pagar as obrigações do dia. Isso é resiliência: ser testado até o limite de sua capacidade onde você chega a se curvar mas não chega a cair e nem quebrar e encontra forças para se levantar e estar pronto para enfrentar o próximo desafio.
