Ângela Maria Gheller Telles é diretora de Negócios para Manufatura e Logística da TOTVS e está na companhia desde o seu início. Ela, que nas últimas décadas tem acompanhado os avanços da tecnologia, fala ao MEX sobre a exponencialidade dessas mudanças nos últimos três anos e o quanto a tecnologia se tornou essencial para o desempenho operacional de qualquer empresa. Confira!
MEX BRASIL – Como você avalia o avanço da tecnologia no cenário dos últimos 30 anos, desde quando você iniciou na área?
Ângela Maria Gheller Telles – Acelerou muito. Se pudessemos dar uma volta em 1983, olhando inclusive o cenário do Brasil, nós não tínhamos empresas informatizadas. Não vou nem falar de digitalização, a gente não tinha sistemas que controlavam as empresas. Alguns casos raros tinham alguma solução caseira, pontual. Mas definitivamente, nós não tínhamos essa visão, de ter um sistema que integrasse toda a parte de gestão, os chamados ERPs. Então o que vimos foi um avanço progressivo. Um início ainda tímido porque as tecnologias eram inacessíveis tanto em função de custos, quanto pela maturidade que tínhamos no Brasil para o tema. Além disso, não havia computadores também que pudesse rodar determinadas tecnologias, como muito do que vemos hoje com a inteligência artificial, por exemplo.
MEX BRASIL – Se avaliarmos as três décadas temos uma perspectiva, mas e se avaliarmos os últimos três anos. Tivemos realmente um salto?
Ângela Maria Gheller Telles – Sim, nesses últimos três anos vivemos essa aceleração de maneira assustadora. As indústrias, os consumidores, todo mundo começou a utilizar as soluções e tecnologias e isso impulsionou o seu desenvolvimento. Então as empresas que desenvolvem essas soluções, como é o papel da TOTVS, tiveram que correr e prover o mercado para a ação disruptiva que estava acontecendo com a pandemia. A pandemia realmente acelerou tudo. E não falamos de cinco anos em três, mas de quinze anos em três.
“Esse é nosso grande objetivo. Tirar o papel do chão de fábrica. Toda vez que alguém coloca algo no papel, vai precisar ir lá digitar, amplia possibilidade de erros, perde agilidade. Paper less: esse é a meta.” Ângela Maria Gheller Telles, diretora de Negócios para Manufatura e Logística da TOTVS.
MEX BRASIL – Você comenta da importância da tecnologia na estratégia da gestão. De que forma isso ajuda as empresas?
Ângela Maria Gheller Telles – Ouvimos falar em tecnologia todo o tempo, mas quando a gente fala em tecnologia na gestão empresarial, é importante que tenhamos isso na estratégia da empresa. Ela precisa ser um meio. A empresa vai produzir seus produtos, que são seu propósito, mas não há mais como abrir mão da tecnologia como aliada indispensável. A automação de processos, por exemplo, reduz de forma significativa erros, aumenta a produtividade, economiza tempo, permitindo que os recursos sejam direcionados de maneira mais estratégica. Além disso, a análise de dados desempenha um papel importante na tomada de decisões, fornecendo insights valiosos que podem moldar estratégias de negócios mais eficazes. A tecnologia também possibilita a comunicação global e a colaboração instantânea, independente da distância física, melhorando a eficiência e a agilidade. É imperativo que as organizações abracem a transformação digital e inovem constantemente para se destacarem e se manterem relevantes. Empresas que negligenciam a tecnologia arriscam a ter perdas de oportunidades de crescimento.
MEX BRASIL – E qual sua avaliação sobre o cenário do uso da tecnologia nas empresas e na indústria brasileira?
Ângela Maria Gheller Telles – Bem, vamos pensar no chão de fábrica, das empresas em geral. É necessário focar na digitalização, no planejamento e na automação. E que fase que a gente está nisso? A grande maioria está um passinho antes da digitalização. Grande parte das nossas empresas está informatizada, boa parte têm soluções que são usadas no dia a dia, seja o ERP ou outras soluções especialistas, mas não conseguimos perceber ainda um grande avanço na digitalização, na conectividade, na integração entre todos os sistemas. Ainda temos lacunas dentro da indústria que não têm a solução ou que não estão integrados com essa massa de solução. Então a gente tem trabalhado muito com os nossos clientes TOTVS para fazer a digitalização. Entender dentro da fábrica, que tecnologia utilizar para tirar o papel da gestão do dia a dia. Esse é nosso grande objetivo. Tirar o papel do chão de fábrica. Toda vez que alguém coloca algo no papel, vai precisar ir lá digitar, amplia possibilidade de erros, perde agilidade. Precisamos simplificar soluções, tornar viável e amigável os apontamentos. Um app na mão do funcionário e pronto. Todos estarão conectados e a agilidade para a gestão e a tomada de decisões será exponencial.
MEX BRASIL – E na TOTVS vocês também têm a prática do ‘paper less’?
Ângela Maria Gheller Telles – Sim. Para nós isso é tão natural que eu nunca havia parado para pensar nisso. Mas sim, nossos processos no chão de fábrica, na logística em todas as fases da produção são norteados pelo ‘paper less’. Nós usamos metodologias ágeis para o desenvolvimento de nossos processos. E utilizamos momentos especiais onde conversamos sobre determinadas situações, problemas ou desafios. Mas mesmo aí temos soluções digitais para registrar o que foi falado, os e-mails, as planilhas, tudo é conectado, isso para que todo mundo tenha acesso e possa ir construindo junto. Todo mundo está vendo tudo ao mesmo tempo.
MEX BRASIL – Então a solução será sempre digital?
Ângela Maria Gheller Telles – Certamente a tecnologia nos ajudará a acelerar processos, minimizar riscos e acelerar e dar mais qualidade às tomadas de decisão. Mas não, não teremos nunca como substituir o humano em tudo isso. Por isso que são tão importantes os encontros, as soluções buscadas de forma presencial. Nós enquanto time, somos melhores quando estamos juntos fisicamente. A energia desses momentos não tem comparação.
Conteúdo por: Angela Wanke
Fotografia por: Rick Nogueira