Mini currículo: Formação – Engenheira civil
Minha trajetória profissional começa oficialmente quando, recém saída da faculdade de Engenharia Civil, fui contratada na construtora em que fazia estágio. Do tipo engenheira de obra, de usar capacete e ir à luta. Foi uma grande conquista, pois adorava meu trabalho, o ambiente e meus colegas. Ficaria trabalhando ali para sempre. Mas, de repente, a crise assolou o mercado e a construtora fechou as portas. Só depois de alguns meses é que consegui uma recolocação na área de suprimentos, em uma empresa de infraestrutura de telecomunicações. Foi ali que percebi que para me adaptar ao mercado da época, tinha que “mudar o foco”. Fiz uma pós-graduação em finanças, acreditando que meu leque de oportunidades aumentaria. De fato, do setor de Suprimentos, passei ao departamento de Finanças e depois ao departamento Comercial. Foi nessa época que me especializei na área de Licitações Públicas. Me tornei gerente comercial, ganhei visibilidade e logo veio um convite para trabalhar em uma empresa multinacional americana. Novo desafio. Novo emprego. Tudo ia bem, até que em 2008 a crise americana chegava e com ela o temor de tudo ruir novamente.
Em uma dessas reflexões sobre a carreira, que a gente toma enquanto dirige, ouvi no rádio a notícia sobre a abertura do processo seletivo para a Itaipu Binacional. Entre os vários cargos anunciados, buscavam candidatos com formação em “Engenharia com pós-graduação em Finanças”. Era como se aquilo soasse com um “vem, Daniele, esse é para você!”. Eu, que nunca tinha pensado em concursos públicos, resolvi tentar. A caminho da realização da prova ouvi, novamente no rádio, a relação candidato por vaga e “pensei” em voz alta: Ih! Não vai dar! Quis desistir, mas fui impedida pelo meu marido, que dirigia o carro e não me deu escolha a não ser descer do carro e, pelo menos, tentar. Passei. Entrei na Itaipu, na divisão de Cadastro e Administração de Fornecedores, fazendo gestão de contratos da área técnica. Após dois anos, fui para a área de Planejamento de Compras, onde estou atualmente.
A carreira executiva aconteceu naturalmente, sem pretensão alguma. Nunca me passou pela cabeça não trabalhar ou não ter minha independência financeira. Mas não tinha definido um plano para liderança ou altos cargos. Acredito que minha curiosidade e minha proatividade foram fundamentais na trajetória. Sempre quis conhecer mais um pouco daquilo que precisava, isso ajuda a ter uma visão mais clara e ampla de todos os processos. Também não sou do tipo que me abalo fácil com problemas. Acredito que todo problema traz consigo também um aprendizado. Não costumo lamentar e sim procurar uma alternativa de solução. É preciso mudar o rumo, enxergar outros lados, mas chegar ao objetivo. E quanto à liderança, ela flui se você, ao invés de buscar cargos e títulos, encontrar admiração ao seu entorno e se tornar um bom exemplo. Por consequência, nos tornamos líderes. É a ação que traz a liderança.
Hoje atravesso um momento pessoal também desafiador. Sou casada com o Astor, que me apoia em tudo, mãe da Alice, de três anos e do Guilherme, de um ano. Período em que minha família precisa muito de mim, presencialmente. E adoro isso. Adoro buscar as crianças na escola e ver as carinhas felizes vindo ao meu encontro. Faço questão de sentar à mesa para jantar e preparar a mochila da escola. Contar histórias, sentar no chão, brincar. Acredito que a semente dos nossos valores são plantadas quando ainda somos bem pequeninos e essa é a fase dos meus filhos. Logo, logo, eles estarão mais independentes e estarei pronta também para novas fases da minha vida. Assim como eles vão crescer, também pretendo crescer mais um pouquinho.
Dica de vida –
“Nós mulheres temos um dom indescritível que é a capacidade de realizar várias atividades ao mesmo tempo e, ainda, conciliando razão e coração. Não podemos perder a oportunidade de usar este dom para nos realizarmos e sermos felizes, profissional e pessoalmente.” Daniele Gemael