Mini currículo: Formação – Psicóloga. Especialização em Psicodrama, pela Sociedade Paranaense de Psicodrama.
Nossa empresa é familiar, fundada pelo meu pai, Ricardo Guginski. Eu, como única filha mulher, enfrentei resistência no início da carreira. Minha mãe e meus irmãos mais velhos acreditavam que filha mulher poderia muito bem ficar em casa. Hoje, entendo que era certa proteção natural da família. Mas não queria isso para mim. Sabiamente meu pai dividiu as unidades da empresa entre os irmãos, o que foi um bom arranjo. Assim, meu marido que tem formação em odontologia, tornou-se empresário de transporte e juntos seguimos o exemplo do meu pai: “se for para fazer alguma coisa, faça bem feito”. Estamos à frente da Transtupi, uma empresa familiar, relativamente pequena para o segmento de transporte coletivo, com 210 funcionários, mas diferente no respeito com as pessoas e na qualidade do serviço prestado.
Comecei minha vida profissional como psicóloga clínica, com pós-graduação em Psicodrama. Depois me tornei executiva de uma pré-escola para só então ingressar na diretoria da empresa de transportes. Hoje acompanho praticamente cada fase da gestão da companhia, com exceção do departamento financeiro, que fica sob responsabilidade do meu marido. Atuo mais na área de recursos humanos, com foco nos resultados, acompanhando o desenvolvimento das pessoas. Temos em nossa estrutura organizacional três gerentes: duas mulheres e um homem. Procuramos valorizar a todos igualmente, mas fico muito feliz em contribuir com o desenvolvimento de mulheres nesse segmento que é tão masculino.
E de fato, meu principal desafio na carreira foi a aceitação, primeiro de alguns familiares, em trabalhar no mesmo segmento que eles. Depois do próprio segmento de mercado que atuamos, que tem características extremamente machistas. Interagir e participar de eventos, reuniões e projetos dentro do setor de transportes não é uma tarefa fácil. Ainda é muito pequena a participação das mulheres nesse segmento e, quando uma se destaca, percebe-se um certo desconforto. Mas procuro não me inibir diante das situações, continuo sendo muito feminina, não escondo meus sentimentos, dou minhas opiniões e sugestões, sem medo de arriscar. Mostro o que sei fazer e todos que vêm na empresa sentem que a presença feminina é forte.
Tenho dois filhos, Guilherme, 25, e Gabriela, 23, que estão trilhando caminhos próprios. Ele é engenheiro aeroespacial e atualmente está trabalhando no Banco Goldman Sachs, em Nova York. Ela está cursando o quinto ano de medicina. Trabalhar ao lado do meu marido nos traz uma cumplicidade, muito positiva. Estamos ampliando nosso negócio, com filial em São Mateus do Sul (PR), outra em Bacabeira (MA), mais uma unidade em Guaxupé( Minas) e um desafio imenso em abrir uma unidade na cidade de Arequipa, no Peru. Vamos entrar em um mercado com uma cultura totalmente diferente da nossa. Do futuro, espero que possamos vencer as diversas e intensas crises que nosso país atravessa e que nossa empresa possa continuar prestando o mesmo serviço de qualidade que sempre prestou e que o investimento no Peru traga, não só o resultado financeiro, mas principalmente o resultado social que aquela cidade precisa.
Dica de vida –
“Acredito que toda mulher deve ser mãe, porque isso completa nossa vida. Aprendemos muito com nossos filhos. Eles nos incentivam a ser, cada dia, mais brilhantes em tudo que nos propusermos a fazer. Além disso, temos que estar sempre bem arrumadas e dispostas, saber aceitar e responder a críticas (coisa que mulher não aceita muito). Acredito muito no diálogo, na formação pessoal – educação, princípios e valores. Se passarmos isso para os nossos filhos e colaboradores, teremos um mundo melhor e com espaço para todos”, Elizabeth Gurginski Loures.