Mini currículo: Formação – Antropóloga. Especialização em Administração Empresarial.
Eram os anos 70 e minha formação em antropologia, indicava um futuro promissor. Tinha como desejo o trabalho de campo junto a uma instituição de renome como a National Geographic ou Jacques Cousteau. Mas a vida nos surpreende. E eu, que vivia na Bélgica, fazendo minha faculdade, arrumo as malas e volto ao Brasil. Motivo: dar apoio a minha mãe, que após 34 anos de vida em comum, se separava de meu pai. Uma coisa inusitada para a época. Desquite e divórcio ainda se constituíam uma vergonha para a mulher. De uma hora para outra me tornei “arrimo de família”. Era preciso ir à luta. E assim vivi a efervescência de uma geração de mulheres que desbravava o mercado de trabalho, com seus desafios, os preconceitos da sociedade e a árdua tarefa de desempenhar multipapéis em seu dia a dia. Fiz parte desse começo. Dessa virada de cultura. Vivi esses anos históricos.
E assim fui secretária executiva bilíngue e trilíngue em multinacionais americanas, desempenhei funções de Relações Públicas, fui ascendendo profissionalmente, conforme as oportunidades surgiam e as competências provavam que eu era a pessoa indicada para aquele posto. Para aquele desafio. Fui a primeira mulher gerente de negócios, na área de Compras, em uma multinacional, isso lá pelos anos 90. Tive experiências internacionais que me engrandeceram muito, pelo desafio de cada fase e pela diferença multicultural de cada região. Estive em países diversos como Nigéria, Costa do Marfim, Chile, Peru, México, Estados Unidos e Suriname. Além da beleza dos lugares – um dos grandes prazeres da minha vida é viajar -, também tive a oportunidade de aprender a entender a cultura, a forma de trabalho e os anseios dos colaboradores que ao longo da jornada foram sendo colocados sob minha responsabilidade. Fui me envolvendo cada vez mais no setor de saúde, reestruturando áreas de suprimentos, adaptando processos de Lean Thinking/Office/Operations em saúde e também no segmento industrial. Fui responsável pela área de negociações em âmbito nacional e internacional para montagem do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba. Idealizei e implantei o Programa de Educação Continuada, na área de Suprimentos Saúde, criei fóruns de debates, fui mentora de colaboradores, fui crescendo com quem ajudava a crescer. Ainda hoje, sou docente na PUC-PR, em Gestão Empresarial da Saúde, ministrando módulos de gestão da cadeia de suprimentos e até outubro de 2014, desenvolvi a área de Supply Chain (Suprimentos) no segmento de saúde da holding do Grupo Marista, atuando como diretora da área. Hoje, me encontro em processo de transição de carreira, atuando com consultoria própria. E vi, com muito orgulho, que minha vocação para a antropologia foi sendo muito útil durante toda a minha vida profissional na gestão de pessoas e equipes.
Já são quase 40 anos de experiências profissionais, de vida bem vivida. Aos 60 anos, fiquei noiva. Hoje tenho 63. Não tenho filhos, por pura opção. E vejo que ainda hoje, nesse momento profissional e cronológico, aprecio muito atuar no resgate de áreas, processos e pessoas. Vibro com o sucesso daqueles que passaram pela minha gestão e tenho verdadeiro prazer em me realizar através do sucesso deles. Também me deixei inspirar por verdadeiros gurus como Jacques Cousteau, Richard Leakey, Simonne Beauvoir e Sartre, que com pensamentos diversos, tornaram minha vida mais rica. Mas claro que nem tudo foi simples. No trajeto, por duas vezes, senti dificuldades específicas por ser mulher. No momento em que isso ocorreu, tive paciência, fui chegando pelas beiradas e provando que a competência é a ferramenta perfeita para vencer qualquer questão ou situação. Me orgulho do que vivi. Tenham certeza!
Dica de vida –
“Acredito que na vida nada é por acaso. É preciso entender os sinais, praticar o que chamo de escuta ativa. Muitas respostas estão naquilo que os outros não ouvem. Você deve aprender a ouvir. Além disso, o sucesso está na postura que temos diante de cada desafio. É preciso encarar um novo emprego, um novo trabalho profissional, com a distinção de quem encara uma nova missão. E, além de tudo, estar sempre atenta às pessoas. Reconhecer e valorizar talentos permite que nossa passagem por uma empresa, por um projeto, pela vida… possa valer a pena.”, Luiza Helena Giraud Borges
