Mini currículo: Formação – Designer e produtora cultural.
Sou pernambucana, de Recife, mas já estou em Curitiba há 10 anos. Minha trajetória até aqui é vasta. Nasci em uma família de empreendedores. Por isso mesmo, aprendi desde cedo a enfrentar o risco de ter o próprio negócio, em favor do benefício de poder criar possibilidades sem restrições. Buscar ideias novas, novas soluções e ter a capacidade de “olhar o todo” sempre me encantou.
Logo aos 16 anos comecei minha carreira, dando aula de artes em uma escola infantil comunitária. Aos 17 já trabalhava na gráfica deste mesmo grupo empresarial, ilustrando panfletos de vendas. Estudei marketing, web design e, por fim, me formei em Artes Visuais. Aos 18 anos comecei meu primeiro estágio: fui trabalhar em uma das maiores agências de publicidade de Recife. O caminho estava definido. Até meus trinta e poucos anos trabalhei com publicidade, sempre na área de design, tendo ocupado a Diretoria de Criação, em muitas agências. Mas na inquietude de ir atrás de ideias novas, não parei por aí. Explorei novas possibilidades como design editorial, de web, eventos, moda, joalheria… A meta era estudar e aprender cada vez mais.
Mas se o design sempre fez parte da minha vida, também estava nos planos uma “aposentadoria precoce”. Queria começar algo novo, de novo. Assim surgiu a ideia de produzir eventos culturais. Mas como um talento não se deixa simplesmente abandonar, abri sim uma nova empresa: de produção cultural, mas também de design.
Criamos, há quatro anos, o maior festival literário de Curitiba, o Litercultura, que já começou sendo um grande sucesso e passou a fazer parte do calendário cultural da cidade. Desde o ano passado, comecei também a fazer curadoria para outros eventos literários. Em São Paulo, dividi a curadoria do Emil – Encontro Mundial da Invenção da Literatura – que foi, até agora, o maior festival do país, com mais de 120 escritores e escritoras envolvidos. Em 2016 assino em conjunto a curadoria do Festival Paulicéia Literária, em São Paulo, e do Centro Cultural Sesi Casa Heitor Stockler de França, em Curitiba.
Durante muitos anos, conciliar o nascimento e a criação de dois filhos, carreira e estudos foi o meu maior problema. Não tive licença maternidade, por exemplo. Como autônoma, voltei a trabalhar quando meus filhos não tinham completado nem quinze dias de nascidos. Muitas mulheres conhecem isso de perto. O dilema de ‘trabalhar se sentindo culpada por não estar perto dos filhos e estar com os filhos pensando no trabalho’. Só superei isso, quando eles cresceram e demonstraram um profundo orgulho pelo que faço. Um orgulho recíproco, pois eles se tornaram jovens independentes e pensantes.
Os planos não param. Na verdade, fervilham. O mercado editorial é predominantemente masculino, ainda que exista uma quantidade significativa de mulheres atuando com êxito. Mas a surpresa é evidente quando uma mulher está à frente de um negócio de sucesso ou posição de destaque. Se o sucesso aparece é porque tem trabalho, dedicação e conhecimento. Simples assim!
Dica de vida –
“Seja inquieta. Busque ideias novas. Veja o mundo sob outras óticas. E estude, buscando sempre a capacidade de olhar o todo. O mundo se encarregará das conexões necessárias para você ir além. Mas para isso você precisa estar preparada para aceitar desafios, encarar a dúvida e enfrentar o medo. Ser empreendedora tem suas dificuldades, mas as benesses são tão maiores, que no final das contas: vale a pena.” Manoela Mendes Leão
