Mini currículo: Formação – Pedagoga, com especialização em Administração de Serviços de Saúde pela PUC-PR.
Minha carreira foi trilhada tendo como objetivo principal a educação. Entendo que esse é um processo que inicia no primeiro e termina no último suspiro de vida. Então logo decidi que era a Pedagogia meu caminho de vida. E nesse caminho, meu foco seria a educação organizacional. Já havia trabalhado em gestão na área de saúde, mas foi no segmento de treinamentos empresariais para a área de planejamento e gestão de recursos humanos que centrei forças.
Foram muitos anos dedicados ao desenvolvimento de pessoas e, por consequência, ao desenvolvimento de empresas. Ao desenvolver pessoas, fui também me desenvolvendo. Em 1999, cheguei ao Hospital Cardiológico Costantini. Iniciei como gerente geral e na medida em que conseguia expor conceitos, organizar setores, e angariar pessoas em torno de um ideal maior, fui crescendo. Hoje sou diretora executiva de um dos mais importantes hospitais cardiológicos do sul do país. Mas como uma pedagoga chegou lá? Esse foi um dos desafios que tive que enfrentar. Cada dia representou um ponto no jogo da conquista pelo respeito e, mais que isso, pelo reconhecimento do meu conteúdo profissional.
A direção de uma empresa da área de saúde requer, do gestor, fortes habilidades de reconhecimento das expectativas e necessidades de sua clientela externa: pacientes e familiares. E um grau ainda maior de habilidades na tratativa com seus clientes internos. A diversidade de profissionais, de toda a esfera sociocultural, é imensa, sem falar dos vários núcleos de negócio que envolvem a administração hospitalar. E como eu via a educação nesse contexto? Em todos os lugares: ao desenvolver pessoas, desenvolveríamos uma nova gestão e fortaleceríamos a organização por meio do conhecimento.
Justamente pela profissionalização da área de gestão hospitalar ser um fenômeno recente, não mais 15 ou 20 anos, ainda existem grandes lacunas a serem preenchidas. Lacunas que passam, por exemplo, pela equidade de gênero e remuneração compatível. Se nas áreas assistenciais a medicina tem formado um grande contingente de mulheres, nas áreas de gestão e desenvolvimento de políticas de saúde, temos um bom termo a ser buscado. Penso que uma grande trajetória profissional se dá não somente pelos feitos concretizados em nossas organizações, mas pela coroação proporcionada pelo envolvimento do gestor em políticas que favoreçam o setor. Temos que ir além das nossas paredes organizacionais. Tomar todo o capital intelectual acumulado a fim de transformá-lo, atualizá-lo e colocá-lo a serviço da sociedade futura.
Hoje, além da diretoria do Hospital Cardiológico Costantini também sou Diretora de Hospitais da Fehospar – Federação dos Hospitais do Paraná; e vice-presidente da Ahopar – Associação dos Hospitais do Paraná. Também sou membro da Diretoria de Saúde Suplementar do Conselho Nacional de Saúde, além de integrar o Conselho Fiscal da FHB – Federação Brasileira de Hospitais.
Olhando o passado, fico feliz. Mas há muito a almejar do futuro profissional. Obviamente que inúmeros desafios tiveram que ser transpostos até agora. Tenho três filhos, e a maternidade ainda representa um grande adiamento de planos profissionais, uma superação imensa. Não me inspirei em ninguém em especial para trilhar minha carreira profissional, mas sim por legados. Penso que quando a gente pretende provocar mudanças ou criar algo que seja útil para os outros, é preciso vestir a liderança e se revestir de coragem para ser modelo. E falo em coragem, porque modelos são vitrines: podem ser admirados, mas certamente estão mais expostos a críticas. O sucesso ou o alcance dos objetivos, no meu ponto de vista, depende de persistência, serenidade e força. ‘Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima’ talvez seja o melhor verso de uma mulher, mãe, pedagoga, no enfrentamento das crises, perante ocasionais preconceitos e, acima de tudo, diante da descrença de que eu realmente podia. E continuo querendo poder me superar a cada dia, um pouquinho mais.
Dica de vida –
“Seja você mesma, em graça e feminilidade, fazendo uso de uma das características mais marcantes de quem é mulher: a incrível capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Para a liderança legítima, não se canse de aprender de forma continuada, trabalhe com afinco para ter conhecimento e não ‘chore’ por ainda não estar lá… ao se deparar com um obstáculo, ‘levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima’.” Márcia Rangel de Abreu