Mini currículo: Formação – Engenheira Civil. MBA em Gestão e Finanças.
Até briga de peão eu já apartei, quando coordenava um projeto de Engenharia Civil, no interior do Paraná. Isso foi há muito tempo, mas ainda hoje, se for preciso entrar numa briga por uma boa causa, não duvide – poucas coisas me detêm. Não é a coragem dos que nada temem, mas aquela que vem da vontade de realizar, de fazer a diferença, de marcar presença num mundo ainda tão preconceituoso e contribuir, desta maneira, para reduzir as desigualdades, tanto de gênero quanto sociais.
Para mim, tudo sempre foi muito desafiador, a começar pela escolha da carreira. Um sonho de ser engenheira, tão distante para uma menina do interior, nascida numa família humilde, mas que sempre fui encorajada, por minha mãe a ser uma mulher independente. Nos idos de 1970, eram poucas as mulheres que escolhiam a Engenharia Civil. Na minha turma, na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, havia 225 alunos e só sete eram mulheres. Realmente, foi um grande desafio cursar a universidade.
Depois de formada, iniciei minha carreira em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, onde logo no início assumi o cargo de diretora técnica – era a engenheira responsável pelas obras do município, numa empresa onde trabalhavam mais de mais de 100 empregados, homens da construção civil. Se hoje já seria complicado, imagine nos anos 80, quando havia muito preconceito em relação às mulheres trabalharem na engenharia. Não foi fácil. Mas foi assim que percebi meu potencial de liderança, pois o líder precisa agir rápido e tomar a decisão com coragem.
Sempre fui perseverante. Foi como engenheira civil que eu entrei na Itaipu Binacional, em 1987. E foi nessa empresa que acabei me tornando a primeira empregada de carreira a assumir a Diretoria Financeira. Mas, até chegar a esse posto, cumpri uma jornada cheia de desafios, que incluiu uma guinada geral na profissão.
Durante muitos anos trabalhei na Diretoria Técnica, onde fiz uma carreira sólida liderando equipes, porém eu tinha objetivos claros para minha carreira na Itaipu e para alcançá-los sabia que seria necessário mudar de área. Com o nascimento dos meus dois filhos e a família já completa, mudei radicalmente a área de atuação. Queria trabalhar com finanças. Houve, então, a oportunidade de trabalhar no fundo de previdência complementar da Itaipu, a Fibra. Nesse período, investi novamente nos estudos e fiz mais uma especialização, agora na área de finanças, em mercado de capitais.
Na Fibra, tive muitas oportunidades de implantar melhorias nos processos, me apaixonei pela gestão e percebi a oportunidade de chegar a presidente da Fundação. E fui em busca de alcançar meu objetivo, não fiquei esperando ser chamada. Preparei meu currículo e o encaminhei para o novo diretor-geral brasileiro, que assumia a Itaipu no início de 2003, Jorge Samek, mesmo sem conhecê-lo. Eu brinco que não ganhei o cargo, conquistei-o. Batalhei por ele.
Em pouco mais de 20 anos de empresa, esse foi sem dúvida um grande marco na minha carreira, pois fui uma das primeiras empregadas a chegar a uma superintendência na Itaipu. Mas eu queria mesmo era ser diretora. Então, em 2006, quando a diretora financeira executiva da época deixou Itaipu para seguir uma carreira na politica, surgiu uma oportunidade. Fui, então, indicada para ocupar a vaga. Nunca, antes, um empregado de carreira – e muito menos uma mulher empregada – havia sido nomeado para um cargo de diretoria na Itaipu. Realmente, foi um momento muito significativo na minha carreira profissional, por ser uma demonstração de confiança do atual presidente da Itaipu, que me indicou para o cargo.
Em todas as áreas pelas quais passei, na Itaipu e na Fibra, busquei junto com meus colegas fazer transformações significativas para a melhoria da gestão, porque inovação faz parte do meu DNA, tenho uma característica forte de liderança e adoro trabalhar em equipe. Utilizar o planejamento e definir indicadores na gestão por processos é a base para otimizar os recursos e alcançar resultados positivos.
Como diretora financeira da Itaipu, sou responsável pelas áreas de logística, suprimentos, finanças, orçamento e contabilidade. Além destas atividades, tenho sob minha responsabilidade a coordenação executiva de diversos programas/projetos inovadores e, também, a missão de construir e difundir a cultura de gênero, dentro e fora de Itaipu.
Entre outros compromissos, tenho a coordenação executiva do Grupo GT Itaipu-Saúde e do Comitê Gestor do Programa de Mobilidade Sustentável e do Projeto Veículo Elétrico Itaipu. Também participo de diversos conselhos, entre os quais o de presidente do Conselho da Fundação COGE, uma instituição que promove a inovação no setor elétrico brasileiro; conselheira da Amcham Curitiba; fundadora e conselheira do Espaço das Mulheres Executivas do Paraná (MEX-PR); represento a Itaipu no Grupo de Lideranças (Leadership Group WEP’s LG) do Pacto Global e da ONU Mulheres das Nações Unidas.
Ao longo da minha carreira profissional, na busca do aperfeiçoamento e no desenvolvimento de novos projetos, foram relevantes os reconhecimentos que recebi. Em 2007, em promoção do Jornal do Brasil e Gazeta Mercantil, fui vencedora do prêmio de Mulher Mais Influente do Brasil, na categoria Economia e Finanças. Fui também condecorada com o prêmio Oslo Business for Peace Award 2013, concedido pelo comitê do Prêmio Nobel da Paz e de Economia.
Em 2013, com a parceria das executivas do MEX-PR iniciamos a realização do Prêmio WEPs Brasil – Empresas Empoderando Mulheres, com o objetivo de disseminar a cultura da equidade de gênero nas empresas brasileiras, que já está em sua segunda edição e tem realmente contribuído para divulgar nas empresas os princípios de empoderamento das mulheres.
Com o passar dos anos tenho constatado que a maturidade contribui para que possamos ensinar mais do que aprender, sermos mais produtivas e mais corajosas, termos mais paixão e mais determinação. E, Eu espero contribuir ainda muito mais na Itaipu ou em outras organizações para que o Brasil implante centros de excelência para tecnologias inovadoras amigas do meio ambiente e para o empoderamento das mulheres, enfim, para que possamos ser protagonistas do desenvolvimento sustentável.
Dica de vida –
Todas as mulheres que chegam a ocupar cargos de liderança, seja na iniciativa privada ou na vida pública, são ainda honrosas exceções. E é por isso que me considero no direito de conclamar todas as mulheres executivas a este gigantesco esforço para mudar a realidade, para que nossa geração seja aquela que realmente fez a diferença nestas primeiras décadas do milênio.
Primeiro, é preciso fazer bem feita a lição de casa, para que nossas empresas exerçam na prática aquilo que defendemos na teoria e no discurso. Depois, levar isso a público, de todas as formas, para incentivar a que outras façam o mesmo.
A Itaipu é uma das realizadoras do Prêmio Weps Brasil junto com a ONU Mulheres no Brasil e a Rede brasileira do Pacto Global, criado para reconhecer os esforços das empresas que promovem práticas, programas e ações de promoção da cultura da equidade de gênero e empoderamento da mulher. Faça com que sua organização participe do prêmio e garanta a adesão aos Weps.