Mini currículo: Formação – Contadora, com Especialização em Finanças, e Bacharel em Direito.
Filha de um casal de imigrantes italianos, sou a segunda mais nova entre dez irmãos. Durante minha infância, acompanhei de perto a dificuldade de quem trabalhava no campo e sabia que aquilo não era para mim. Aos 11 anos tomei a decisão que mudou minha vida. Com o apoio da minha família, sai de casa para frequentar a escola e jamais imaginava que nunca mais voltaria a morar com meus pais. Fui morar como interna em um colégio e, depois, com uma tia. Dividi os cadernos com os trabalhos e, para recompensar minha tia, ajudava na entrega de pastéis. Aos 17 anos, enquanto cursava o Técnico em Contabilidade, consegui meu primeiro emprego na área. Depois cursei Ciências Contábeis e conquistei um bom emprego. Mas ainda continuava sonhando com o futuro.
Em 1980, sai de Tangará com destino a Curitiba, capital que me acolheu e da qual me tornei cidadã honorária em 2002. O objetivo era trabalhar em uma multinacional de avicultura e cursar especialização em finanças. Em três anos, passei de auxiliar à diretora administrativa e financeira. Essa foi a primeira vez que fui discriminada por ser mulher. Em uma empresa culturalmente machista, admitir uma diretora era um desafio para o negócio. Tinha apenas 29 anos.
Frente à multinacional, desenvolvi vários planos de negócio e um deles era a abertura de capital. Eu queria ser sócia da empresa. O proprietário não aceitou e eu, com mais dois colegas, pedi demissão. Ao lado deles, tornei-me empresária. Fundamos a Interagro Alimentos, em 1988, em Curitiba. Dos três sócios, só eu continuei com o negócio. A empresa chegou a ter 500 funcionários sob meu comando. Nessa época comecei a me envolver com entidades de classe. O trabalho de liderança que exerci e os resultados que obtive renderam-me, em 1995, o troféu O Equilibrista. Fui a primeira mulher no país a receber tal reconhecimento. Isso me motivou a dedicar meu tempo e compartilhar minha experiência para motivar e capacitar outras mulheres. Coordeno a Comissão Estadual da Mulher Contabilista do CRC-PR e sou fundadora do Instituto Paranaense da Mulher Contabilista.
Em 2000 vendi a Interagro a um grupo americano. Estava com 46 anos e poderia me aposentar, curtir minhas duas filhas, Amália e Marina, e desfrutar mais tempo com meu marido, Alfredo, mas quem disse que parei? Ainda em 1999 constituí a MITTE, uma empresa de prestação de serviços em contabilidade e consultoria. É esse o capítulo que vivo hoje, no qual continuo a aplicar os valores que mais prezo: fé, atitude, coragem, dedicação e persistência. A MITTE deu um impulso novo à minha vida. Em 2002, voltei à universidade e cursei Direito, me formando em 2006. Há 16 anos no mercado, a Mitte tem hoje aproximadamente 100 clientes e 10 funcionários. Amo o que faço. Acredito no diálogo e na transparência. No olho no olho, na verdade, na humildade para assumir erros e compartilhar experiências. Adoro trabalhar com pessoas. E é o amor que dá vida ao trabalho, ao relacionamento, e é isso que faz a diferença.
Dica de vida –
“Nós mulheres precisamos quebrar paradigmas e mostrar que somos capazes de exercer qualquer tarefa. Nunca é tarde para começar algo novo. Sem medo, devemos ter foco e estar em sintonia com os avanços tecnológicos. O sucesso depende das escolhas que fazemos. E, para que isso ocorra, é preciso ter coragem e foco, ter fé, atitude e acreditar que vai dar certo, sempre sonhando com um futuro melhor.”, Nilva Amália Pasetto
