Mini currículo: Formação – Enfermeira, pedagoga e administradora. MBA em gestão avançada na Fundação Dom Cabral, Gestão Estratégica de Empresas na HSM, cursos diversos na Amana-Key, na Própria Fundação Dom Cabral e no IBGC.
Nasci em Imbituva, próximo à Ponta Grossa, em uma família de 10 filhos. Para dar conta de todos, meus pais delegaram a minha criação e a de um dos meus irmãos, aos meus avós. Eu os adorava. Já muito cedo, fui trabalhar como babá, tinha pouco mais que 12 anos. Essa vocação natural para cuidar dos outros me levou a fazer o curso de enfermagem. Foi uma realização. Cuidava das pessoas, atuava no centro cirúrgico, me doava. Bem jovem me casei e veio o primeiro filho – o Humberto – e uma decisão radical: parar com a enfermagem, já que para uma grávida certamente isso traria algum risco. Fui então fazer Pedagogia. Meu sonho era abrir uma escola para crianças especiais. Enquanto fazia a segunda faculdade, engravidei do meu segundo filho, o Pedro. Com duas crianças pequenas veio a decisão de parar um pouco. Decisão que também não durou muito. Afinal, não sou do tipo de ficar parada.
Com as crianças ainda pequenas e as visitas frequentes à empresa do meu marido, Eloy, – a Helisul – nascia dentro de mim um sentimento de que era preciso construir um legado. A Helisul tinha pouco mais de 17 funcionários, cinco helicópteros e certamente uma grande vocação para o sucesso. Mas eu não estava preparada para atuar na empresa, era necessário amadurecer minhas habilidades e competências. Foi assim que decidi por mais um grande passo. Em 2004 fui cursar a faculdade de Administração. Uma revolução em minha vida. Com isso, tive que aprender a equilibrar o amor que tinha pelos meus filhos e confiar na escola de período integral, para estudar pela manhã e trabalhar à tarde.
Comecei como estagiária na área de documentação e licenças, depois fui efetivada na área de contratos de aeronaves, para enfim conseguir um lugar em que eu poderia fazer a diferença: a área comercial. Mudamos a logomarca; criamos Missão, Visão e Valores; uniformizamos os funcionários; criamos um organograma – com baixo nível hierárquico para não burocratizar -; implantamos um sistema integrado de gestão e um plano de cargos e salários; informatizamos isso tudo, entre tantas outras ações que profissionalizaram a empresa. Uma história de revoluções que acompanhei de perto. Hoje somos uma companhia com mais de 360 funcionários e mais de 50 aeronaves. Trabalhamos com fretamentos e manutenção de aeronaves. Além de Curitiba temos bases fixas em Foz do Iguaçu, Florianópolis e Rio de Janeiro e filiais em Brasília e Belém.
Se foi fácil a trajetória? De maneira alguma. Ainda mais em uma empresa familiar, com uma alma extremamente patriarcal. Fui a primeira mulher a ocupar um cargo de gestão na empresa. Muitas vezes considerada frágil ou “a esposa do comandante”, mas pouco a pouco fui conquistando a confiança de todos, pelas ações e postura que assumi ao longo da minha carreira. Quando entrei havia apenas duas mulheres: a secretária e a copeira. Hoje já somos 30% do efetivo, nas mais diversas áreas da companhia, desde coordenação de voo, almoxarifado, piloto, mas ainda sou a única na gerência. Vejo com orgulho essa trajetória e também com respeito a todos os funcionários que nos ajudaram a chegar onde estamos. Em 2012, com a inauguração do serviço de transporte aeromédico, pude reviver um pouco meu passado de enfermeira. Também já comecei a trabalhar na sucessão da empresa. Meu filho mais velho, já faz Administração na FAE, e já trabalha conosco. Hoje ocupo o cargo de gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional e vejo que ainda há muito a ser conquistado nesse caminho, o que continua sendo desafiante. O próximo grande projeto é a construção de uma nova sede e um novo hangar, em Curitiba. Projeto que logo sai do papel.
Mas em meio a tudo isso, ainda é possível cultivar alguns hobby. O meu hoje é dançar. Gosto de bolero, forró e tango. Criei também há três anos uma loja virtual para a venda de roupas de bebês, com o intuito original de vender roupas de algodão orgânico, mas tive que me adaptar ao gosto do mercado. Gosto muito de me sentir útil, adoro viajar e me desenvolver. Afinal, a gente nunca sabe quando novas oportunidades vão se apresentar!
Dica de vida –
“Sempre penso que é melhor ser feliz, do que ser a dona da razão. Humildade e reconhecimento também sempre são bem-vindos, em qualquer situação. E, claro, é fundamental a curiosidade e o aprendizado. Se você está disposta a aprender sempre, certamente estará preparada para o presente e o futuro.” Valdirene Freitas